terça-feira, 29 de julho de 2008

Capoani Caffè em Curitiba



Voltou a se iluminar a outra metade do centenário casarão no 906 da Rua Comendador Araújo. O Capoani Caffè, fechado desde que o chef Flávio Frenkel tomou outros rumos, reabre agora, sob nova direção.

Fernando Capoani decidiu assumi-lo pessoalmente, numa gestão integrada com a loja que, na metade ao lado, exibe sofisticadas coleções assinadas por Zegna, Prada, Ugo Boss e Diesel. O lugar recupera, assim, a sua dupla função, alojando empreendimentos que são complementares.

Para moldar a culinária e a carta de vinhos do restaurante, Fernando convocou a consultoria de um profissional também conhecido pelas múltiplas facetas. Dânio Braga ignora a lei do cada macaco em seu galho. Ele comanda fogões e panelas ao mesmo tempo em que escolhe os vinhos da adega; nos momentos vagos, atende o salão, conversa com clientes, orienta o serviço. O Capoani Caffè ganhou sabores da clássica culinária italiana. E, como comida e vinhos do mesmo lugar sempre têm a ver, nos copos predominam perfumes da Toscana, Piemonte e Sicília.



Dânio coleciona estórias. É natural de uma pequena cidade italiana de nome tão estranho quanto divertido. Busseto -– pode ir ao mapa conferir -– fica junto a Parma, na Emilia-Romagna. Aprendeu a cozinhar lá, com a mãe e a irmã, no restaurante da família, uma casa famosa não só pela culinária, mas, também, pela rica e volumosa carta de vinhos. O detalhe é que não havia sequer uma garrafa nas prateleiras. A adega era a excelente loja situada numa rua nos fundos. Os clientes escolhiam e Dânio corria buscar. Sua vida mudou quando, indicado por um amigo, integrou, como cozinheiro, a seleção italiana de futebol que disputou a Copa do Mundo realizada na Argentina, em 1978. Findo o torneio, visitou o Rio de Janeiro e aí ancorou, instalando-se em Copacabana com um restaurante que fez bastante sucesso, o Enotria.

Alguns anos depois, em 1992, mudou de ares. Foi para a Serra dos Órgãos, em Itaipava, criando a Locanda Della Mimosa, estabelecimento que logo se tornou a coqueluche dos apreciadores da boa mesa. Dânio está sempre em movimento. Idealizou, em 1982, a Associação Brasileira de Sommeliers, entidade que se multiplicou pelo país, formando profissionais e levando aos consumidores a cultura do vinho. Até hoje continua como presidente. Atualmente, orienta o serviço de bordo nos vôos da TAP, dá consultoria à rede de supermercados Zona Sul, organiza leilões de vinhos on-line. Aceitou, no ato, o convite do Capoani, impressionado com o glamour da casa. A edificação, tombada pelo Patrimônio Histórico, data de 1888. Fernando teve sérias dificuldades para aprovar a instalação de uma varanda envidraçada na entrada. Mas valeu: o restaurante ganhou novas mesas e, os clientes, uma bela vista dos jardins.

O novo cardápio inspira-se nos valores da cozinha italiana tradicional. Respeita o gosto natural dos alimentos e as características de cada estação. No dia-a-dia, o comando da cozinha pertence a Álvaro Juvêncio, que já atuou no Boulevard e no Bin 608. Uma inovação são as porções “para abrir o apetite”. Brusquetas, mini hambúrgueres, ouriços de batata (R$ 19). Para acompanhá-las, a sugestão é o espumante rosé elaborado na Serra Gaúcha pelo enólogo Adolfo Lona. Menu compacto. Massas variadas e carnes em uma opção de prato para cada tipo – peixe, vitela, filé, frango e pato – ao preço médio de R$ 36. Sugestões do chef: folhado de Camembert de cabra ou pirâmide de berinjela como entrada, depois o ravióli de ricota ou o confit de coxa de pato. À sobremesa, musse de torrone ou espuma de banana crocante.

Também nos vinhos a Itália dá as cartas. Para meia dúzia de chilenos e argentinos, duas dezenas de italianos, com portugueses e espanhóis completando o grupo. Entre os produtores, Ceretto, Aldo Conterno, Giacosa, Zenato e Camigliano. O restaurante pratica margens civilizadas. Há boas escolhas na faixa dos R$ 60. O rótulo mais caro é o Barolo Bussia 2000, de Conterno, a R$ 456. Dânio detesta o uso excessivo do carvalho nos vinhos. Duas de suas preferências são o Dolcetto Masante Aldo Conterno 2005 (R$ 116) e o Ripassá Zenato 2004 (R$ 171). Moscatos, passitos e vendimias tardias completam a carta. Com 50 lugares, o Capoani Caffè abre para o almoço e jantar, aceita cartões e tem estacionamento. Telefone reservando.

Endereço: Rua Comendador Araújo, 906
Bairro: Batel
Fone: 3077-6017

Por Luiz Carlos Zanoni
Jornalista apaixonado por vinhos, que se especializou no tema. Participa de confrarias no Brasil e no exterior, como a da Bairrada, em Portugal.
Escreve há vários anos a coluna Carta de Vinhos para O Estado do Paraná e Paraná-Online.

Um comentário:

Angelica disse...

Eu sou uma crítica gastronômica, então eu visitar muitos restaurantes e cafés no Brasil. Recebo chamadas de grandes empresas para recomendar seus negócios. Eu sou uma Eu sou uma muito honesto e dizer sempre a verdade. Eu acho que a figueira rubaiyat e um dos melhores restaurantes de São Paulo. Eu digo isso porque acho que e um conceito inovador de considerar, especialmente para novos empreendedores culinárias.